Breviário UFPR: Montaigne, Sobre os coxos

 

Baksy, sem-título. Grafitti/stencil


MONTAIGNE
Sobre os coxos. em: Ensaios

A mente humana é capaz de grandes decepções consigo mesma. É capaz de encontrar razões para qualquer coisa, até mesmo para fenômenos inexistentes ‘fatos’ irreais. A experiência não é uma proteção contra o erro, pois pode ser condicionada por expectativas prévias. Aqui Montaigne fala da feitiçaria e mostra-se determinado a subordinar as próprias opiniões aos ensinamentos da Igreja católica. É um dos ensaios pelos quais Montaigne foi celebrado como o protótipo do homem das Luzes: um intelectual que desconfia dos rumores públicos, incrédulo em assuntos de bruxaria, numa sociedade em que a maioria acreditava nisso e em parte da intelligentsia escrevia ou lia livros de demonologia; um ex-parlamentar partidário da exclusão da pena de morte se houvesse a menor dúvida sobre a culpa ou o grau de culpa dos réus. Como as opiniões dos homens nunca são certezas, deveríamos queimar pessoas baseando-nos nelas? O problema era mais sério ainda na medida em que os tribunais, temerosos de perder a autoridade, evitavam reconhecer os próprios erros.

Texto extraído da edição dos Ensaios de Montaigne pela Companhia das Letras. 
Organizada por M. A. Screech. Tradução de Rosa Freire d'Aguiar. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 492

 
 

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