[ENEM] Eudaimonia em Aristóteles

 

A dança, Henri Matisse, 1909-10

Qual é o mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação. (...) Dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser feliz (Aristóteles, Livro I da Ética a Nicômaco).

 

[Para quem havia me perguntado sobre a felicidade em Aristóteles]

A felicidade em Aristóteles é o telos ou o objeto de desejo último para toda boa ação humana. Para Arístóteles, as melhores ações, as que visão o mais alto dos bens, são aquelas que são atraídas pela finalidade última da atividade humana: a felicidade (eudaimonia).

Até aqui tudo bem, né? O problema é a pergunta fabulosa que você fez: o que é a felicidade?

Bem-vinda ao clube de quem não sabe, mas se interessou. É solitária a vida de quem dá aula de uma coisa que, de fato, não tem resposta definitiva. Veja, existem leituras diferentíssimas de pesquisadores importantes na filosofia que defendem posições muito diferentes. A linha que eu sigo cegamente é a que defende que a felicidade tem uma relação com a amizade em Aristóteles. Para o filósofo, a amizade é condição da construção da pólis. Ela é uma virtude: o justo meio entre um vício pela falta e um vício pelo excesso (se lembra disso?). A paixão ou afeto que rege essa ação é dar prazer ao outro, amizade é a relação com o próximo. Amigos dão alegria ao outro, carinhos, palavras, ajuda, etc. Mas há um excesso disso, o Aristóteles chama ele de condescendência (achar a pessoa menos capaz de ações, ou bajular demais a pessoa), e a falta é o tédio (receber pouco prazer do outro, ou ser incapaz de dar prazer ao outro).

Parece não ter nada a ver, né? Mas o justo meio excelente no dar prazer ao outro seria quando a comunidade política supre todas as necessidades físicas e espirituais e ainda se torna capaz de aperfeiçoar e aguça os prazeres da vida.

Não é uma vida feliz essa? Suprir as nossas necessidades básicas e ainda poder pensar em prazeres mais complexos, mais robustos e aguçados. Esse é o bem supremo, o sumo bem, a felicidade. A identidade entre o bem viver, com prazeres excelentes (intelectuais e suprindo os corporais), e o agir bem, agir virtuosamente, sem condescendência e tédio para com o outro, por exemplo.

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