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Mostrando postagens de abril, 2025

[UFPR] Montaigne com Pecaos, Nikolas Ferreira e Erika Hilton

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Cena do clipe "Porradão de Muay-Thai" de Pecaos Oi pessoal, Uma colega de vocês lembrou do rapper Pecaos, daqui do Lindoia, que canta numa faixa incrível chamada "Porradão de Muay Thai" os seguintes versos, que concluem a música. "Mentira e verdade são gêmeas que gostam de dividir roupa" É impressionante como o pensamento filosófico está presente em filósofos, em rappers, em todo aquele que leva a sério linhas de pensamento que, como dizem Deleuze e Guattari, são "a linha de fuga do voo da bruxa". O Montaigne escreve o mesmo pensamento, expresso em outras palavras: "Verdade e mentira tem a mesma fisionomia". Querendo dizer que elas têm os mesmo trejeitos. Como se isso não bastasse, na mesma faixa Pecaos diz ser "difícil pensar alto sem paraquedas". Vocês conseguem pensar alguma ressonância com o pensamento de Krenak? Sobre a necessidade de criar paraquedas coloridos para pensar diante do fim do mundo, um estado de queda-livre ...

[ENEM] Aristóteles e a felicidade do homem

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  Relevo em mármore, cena de banquete. Grécia, 400-350 a.c.  A iconografia dessa peça é típica: o homem é acompanhado por sua esposa, servido de comida por um servo, tipicamente representado como uma forma menor , minúscula, pequena. Os gregos idealizavam as figuras masculinas, com corpos robustos, enquanto diminuíam a representação dos escravos. Sua estatura também representa subserviência diante do grande homem.    A limitação da cidadania ao homem , implica na restrição da formação da amizade e da finalidade última da vida, a felicidade, aos homens ? [Pergunta da Melissa da T2]  Duas coisas, contudo, são cruciais: há uma inclinação à universalidade no conceito de homem de Aristóteles. A definição ampla é o homem é um animal político . Contudo, no processo de formação da pólis , os escravos e as mulheres tem seus lugares um tanto quanto pré-definidos, pois seriam incapazes de deliberação racional , necessária para a atividade política cívica. Olha só ...

[ENEM] Eudaimonia em Aristóteles

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  A dança, Henri Matisse, 1909-10 Qual é o mais alto de todos os bens que se podem alcançar pela ação. (...) Dizem ser esse fim a felicidade e identificam o bem viver e o bem agir como o ser feliz (Aristóteles, Livro I da Ética a Nicômaco).   [Para quem havia me perguntado sobre a felicidade em Aristóteles] A felicidade em Aristóteles é o telos ou o objeto de desejo último para toda boa ação humana. Para Arístóteles, as melhores ações, as que visão o mais alto dos bens, são aquelas que são atraídas pela finalidade última da atividade humana: a felicidade (eudaimonia). Até aqui tudo bem, né? O problema é a pergunta fabulosa que você fez: o que é a felicidade ? Bem-vinda ao clube de quem não sabe, mas se interessou. É solitária a vida de quem dá aula de uma coisa que, de fato, não tem resposta definitiva. Veja, existem leituras diferentíssimas de pesquisadores importantes na filosofia que defendem posições muito diferentes. A linha que eu sigo cegamente é a que ...

[ENEM] Paradoxos, de Zenão a diante

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Ilustração de Gustave Doré para Pantagruel e Gargântua, de François Rabelais. Capítulo 19, Como Panurgo deu um quinau no inglês, que argumentava por sinais . Nele, Panurgo, companheiro do gigantesco e colossal Pantagruel, argumenta filosoficamente contra um inglês por meio de sinais. Lemos: "Panurgo, em nada espantado, levou ao ar sua trismegista braguilha com a esquerda e com a destra pegou uma lasca de costela bovina branca e dois pedaços de madeira de formado parecido, um de ébano negro, outro de pau-brasil encarnado, e os colocou nos dedos da mesma mão com toda simetria e, enquanto batia, fez um som igual ao dos leprosos da Bretanha com suas matracas, porém ressoando melhor e com mais harmonia; e com língua contraída dentro da boca zumbia alegremente, sem parar de encarar o inglês. Os teólogos, médicos e cirurgiões presentes pensaram que por este sinal se inferia que o inglês era leproso. Os conselheiros, juristas e canônicos pensavam que assim se podia concluir que algum tipo...

[Enem] Lupe de Lupe e os Pré-Socráticos

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Mont Sainte-Victoire and Château Noir ,  Paul Cézanne,.1904 - c.1906 Não podia deixar de compartilhar com vocês uma coisa. Ano passado estive no show do Lupe de Lupe com outra banda chamada Baleia. E uma das músicas que eles tocaram foi Frágua, que versa sobre os elementos. Bem rapidinho, só pra rever: lembram-se que o peteleco inicial pro pensamento filosófico cosmogônico se dá com Tales de Mileto? Que profere algo de início ridículo, mas que teria algo de crucial? "Tudo é água", parece uma ideia absurda. Parece até difícil levá-la a sério. Mas são algumas coisas que a gente pode destacar nela: a origem das coisas, a pretensão de fazer o pensamento caminhar com a totalidade, sem fábulas e mitos, e o pensamento da unidade: "Tudo é um", um princípio (arkhé). Ademais, se a realidade de tudo antes era dependente e restrita aos deuses, agora tudo se organiza apesar dos deuses. A natureza (physis) é a força de produção e organização do mundo. É a partir dela que se pensa...